segunda-feira, 9 de abril de 2012

Ainda lobo

Em silencio permaneço para me resguardar do perigo e esperar por uma boa presa. Continuo o mesmo, mas agora só, sem alcateia perto para proteger, mas sempre de ouvidos atentos para novos e velhos uivos que estejam em perigo ou simplesmente queriam se pronunciar aos ventos.

Garras recolhidas para andar mais macio e sorrateiramente, com a boca a salivar ainda mais faminta e com presas mais afiadas: ainda há sede de sangue! É da natureza o que me torna mais animal, o sangue... Seu, meu, de todos.

Correndo por essa selva de armadilhas em cada canto. O medo de ser preso não sobrepõe à vontade de ir longe e mais rapidamente, é a única maneira que conheço para ir a qualquer lugar.

Em coleiras e grades existe morte, morte é o limite da existência e ainda sim prefiro estar morto a ter limites sobre qualquer coisa que eu queira ser, fazer ou deixar de fazer.

E é então que percebo que nada mais posso ser se não um lobo, um louco, selvagem, um espectro na noite que estará sempre te rodeando, no canto dos seus olhos. Porque minha presença sempre será sentida e meu uivo sempre estará ao alcance da lua, mas serei real a ponto de toque a beira de seu fim apenas, eu serei seu carrasco, para que talvez algum dia minha sede seja saciada.




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