sábado, 9 de julho de 2011

Cai o inverno

Era uma noite fria como outras que se seguiam, o vento cortante é de som estridente como de uma espada lhe vinha ao rosto, mas ele segue sem dizer uma palavra.

Suas mãos semi-tremulas permanecem de fora apesar de geladas, como se esperassem por um inimigo escondido por meio as trevas e a população. Ou talvez como se procurasse algo para agarrar em única oportunidade.

Caminha sem pressa por entre as ruas como quem anda em campos inimigos, calculando passos para não cair em armadilha. Ou talvez só não saiba aonde ir, mas prossegue de qualquer modo.

E não há frio que lhe abata porque sua pele fria só se aparenta mais com seu coração que já se tornara gelo. Inóspito como o mais alto cume do ártico, uma grande fortaleza fria: gelada, resistente e vazia.

Mas é repentinamente pego por trás por um arrepio muito humano e nostálgico em sua espinha: A lembrança de um sentimento que já o arrebatou, que fizeram noites frias serem noites quentes e noites quando eram frias de verdade era só quando estava sozinho.
Da época em que seu coração ainda era um campo verde e aconchegante, quando era verão o ano todo e os ventos que vinham eram sempre bem vindos para velejar.


Infelizmente o inverno chegou a mais esse coração.


E então ele pensa consigo mesmo: ”O problema de se ter uma fortaleza de gelo é que qualquer faísca assusta e pode me desmoronar...”

Mas ele não diz uma palavra, não para o passo e nem se esquece do frio. Ele segue em frente seu caminho com determinação mesmo sei saber aonde vai.

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